Novembro 14, 2012
PÚBLICA PROFISSÃO DE FÉ E RESISTÊNCIA CATÓLICA DA FAMILIA BEATAE MARIAE VIRGINIS
CNL – OPN
Aos que guardam e, mercê de Deus, querem continuar guardando a
integridade do Sagrado Depósito da Fé Católica Apostólica e Romana, Pax Christi in Regno Christi:
Eis que Sua Excelência Reverendíssima o senhor Monsenhor Richard
Williamson, o impávido e sereno guerreiro da Fé, um dos Bispos deixados
pelo heróico sangue de Mons. Marcel Lefebvre para continuar seu profícuo
trabalho em defesa da vitalidade da Fé e da Santidade na Igreja, digo,
este admirável Mons. Richard Williamson, foi expulso da Fraternidade São
Pio X pela ainda acatada Direção Suprema da entidade, isto é, por Mons.
Bernard Fellay e seu Conselho.
Logo após a citada punição, chegamos ao conhecimento da serena,
firme, justa e caridosa resposta que a isso deu o admirável Prelado
injustiçado.
O acontecimento faz recordar outro semelhante. Conta-se que, ao tomar
conhecimento do ato declaratório de sua excomunhão, levado a efeito
pelas Autoridades Romanas do tempo do infeliz reinado de João Paulo II,
Sua Ex.cia Revma. o Senhor Mons. Marcel Lefebvre teria, com justeza,
declarado que o ato nada significava, já que ele nunca pertencera à
Igreja Modernista, nascida do Vaticano II. Era ser expulso de uma
entidade da qual nunca fizera parte.
A mesma coisa, com toda propriedade, declarou o nosso injustiçado e
ilustre Prelado, na carta aberta que publicou em reposta ao infeliz
decreto de expulsão que recebeu de Mons. Fellay: …”esta expulsão será
mais aparente que real. Eu sou membro da Fraternidade de Mons. Lefebvre
desde o meu compromisso de incorporação a ela até a perpetuidade. Eu
sou um de seus sacerdotes há 36 anos. Como vós, eu sou um de seus
Bispos, já há quase um quarto de século. Isso não se risca com uma
canetada e, portanto, eu continuo sendo membro da Fraternidade.”
“Se vós tivésseis permanecido fiel à herança dele e tivesse eu sido
comprovadamente infiel, eu reconheceria perfeitamente vosso direito de
me expulsar. Mas como as coisas estão ocorrendo diversamente, espero não
faltar ao respeito para com vossa função, se sugiro, para a glória de
Deus, para a salvação das almas, para a paz interna da Fraternidade e
para vossa própria salvação eterna, que faríeis melhor em demitir-vos a
vós mesmo da dignidade de Superior Geral do que me expulsar. Que o Bom
Deus vos conceda a Graça, a Luz e as forças necessárias para executar um
ato deste de insigne humildade e devotamento ao bem comum de todos, E
agora, como muitas vezes terminei as cartas que vos tenho enviado, desde
anos, Dominus tecum.“
Assim, de modo comovente, repleto de fé e caridade o admirável Mons.
Williamson, o denegrido, o “marcado”, como outros têm a coragem de
dizer, termina o católico monumento de sua admirável carta aberta em
resposta ao infeliz Mons. Fellay.
É assim que misteriosamente mas evidentemente o Bom Deus transfere o
cetro da Verdade das mãos de Mons. Lefebvre para as de Mons. Richard
Williamson, Eis que a Inglaterra, que no século XVI, com Henrique VIII,
traiu sua Mãe, a Santa Igreja, por outro inglês, desagrava a mesma Mãe,
Deus seja bendito.
Diante do universal estrago com que o Catolicismo Liberal vem
devastando a Igreja a começar de sua Hierarquia central, Mons.
Williamson continua firmemente fiel ao sagrado legado de seu Fundador
Mons. Lefebvre.
O senhor Bispo continua seguindo a última determinação de Mons.
Lefebvre de não aceitar qualquer tipo de acordo prático com as
autoridades romanas, enquanto elas não repudiarem os erros que vêm
professando e se declararem em perfeita comunhão com as condenações e
advertências doutrinárias pronunciadas pelos últimos Papas anteriores a
João XXIII, isto é, de Gregório XVI a Pio XII.
A constante traição, levada a efeito pela Direção Suprema da
Fraternidade São Pio X, nos últimos 12 anos e agora posta plenamente a
descoberto em nível mundial para amigos e inimigos, e que tem, na
publicação da carta de resposta de Mons. Fellay aos três outros Bispos
que Mons. Lefebvre consagrou, datada de abril deste catastrófico ano de
2012, seu texto de importância máxima, revela o ânimo revolucionário da
atual chefia da antiga Fraternidade São Pio X. O mais trágico de tudo
isso é o modo com que as coisas estão sendo conduzidas, escapulindo da
iminência da assinatura de um acordo prático em junho último “porque
Roma não tolera mais” (D. Fellay), acordo esse à revelia das
recomendações do Capítulo de 2006, celebrado pela Fraternidade, e indo
em direção a uma nova tática bem mais eficiente de envenenamento ou
entorpecimento geral. Assim, em vez de um acordo apressado, que acabaria
dividindo a Fraternidade em duas porções distintas e opostas uma à
outra, passaram através de uma mudança de aparência na cara da Direção,
para um esforço que infelizmente está sendo muito bem sucedido, a
conseguir acalmar os descontentes, conduzindo-os mais suavemente para
rotas liberais ou semi-liberais.
Contra o que seria de esperar (mistério!), os outros principais e
conspícuos líderes da Resistência Católica dentro da Fraternidade, ela
que era o Carro-Chefe da vitalidade católica, num todo, contra o
Maligno, esses grandes líderes mostram-se tranquilos, aceitando uma
convivência com os novos inimigos, já insofismavelmente desmascarados.
Também aqui e ali grupos amigos, que já têm uma gloriosa folha de
serviços em favor da Verdade, talvez por causa de interesses menores
ainda que não destituídos de valor, vão deixando as armas, o que provoca
incontestável risco de envenenamento, ao menos muito lento, além da
gravidade da omissão. Proh dolor! É quase desesperador ver Bispos
admiráveis calados, ou inoperantes ante o crescente sucesso da invasão
interna do inimigo, pregando obediência a um chefe traiçoeiro,
refinadamente astuto, que deveria ter sido alijado do poder com seus
auxiliares, por um Capítulo sadio. E isso quando todos nós já aprendemos
suficientemente que a obediência tem como fundamento a Santa Vontade de
Deus e isso é tão duramente real, que já há muitos anos estamos, por
causa dos direitos supremos de Deus, manifestados na Sagrada Tradição,
desobedecendo até a ordens do Papa, detentor na Terra do supremo Poder,
e não percebemos que, se podemos ser forçados a desobedecer ao Papa,
por nós inamovível, como não se pode desobedecer ao superior de uma
congregação perfeitamente removível, em caso de verdadeira necessidade?
O Capítulo de julho de 2012 teve a covardia de aprovar a ausência de
Mons. Williamson e trocar a orientação do Santo Fundador, ao admitir a
possibilidade de novas condições para um acordo com a Roma Modernista em
vez de permanecer fiel à única condição aceitável e por Mons. Lefebvre
determinada, que é a conversão da Roma M odernista à integridade
bimilenar da profissão de fé na plenitude da ortodoxia católica, isto é,
a Sagrada Tradição.
A desmoralização em que caiu a Fraternidade, sobretudo depois do
vergonhoso pacifismo com que têm se comportado grandes figuras da até
então mundialmente respeitada entidade, ante as manobras, muitas delas
nada veladas, do chefe e de seus mais íntimos apoiadores, levou a
situação a tal estado, que mesmo que substituam D. Fellay por qualquer
outro, a confiança, esse belo vaso de cristal sem fissuras, não se
recuperará. Somente o surgimento de uma Reforma como no passado uma
Santa Teresa fez no Carmelo, poderá começar lentamente a levantar a
desmoronada obra-prima de Mons. Lefebvre.
Não posso terminar sem cumprir a grave obrigação de fazer um apelo
aos padres fiéis porém medrosos que falaram e ainda estão falando
anonimamente, muitas vezes com admirável acerto, contra a realização
desta tragédia que caiu sobre os tradicionalistas católicos,
particularmente sobre a Fraternidade São Pio X. Perdão, Revmos Senhores
Sacerdotes, mas os senhores darão severas contas a Deus de vossa
covardia e omissão. Esperar os chefes retardatários? Mas como não tomar a
inciativa se o incêndio se alastra, sobretudo com o atual processo de
erosão que só tem conseguido destruir ou imobilizar as resistências e
energias? Medo de castigo? Os senhores são filhos dos mártires! Acordem!
Levantem-se, nem que seja para morrerem pela Fé.
De qualquer forma quero também cumprir aqui o grave dever da
gratidão. Em nome da nossa pequena comunidade; das almas fiéis à Sagrada
Tradição Católica; em nome da Igreja e do mundo, eu quero proclamar, o
mais alto que posso a profunda gratidão a Mons. Marcel Lefebvre, a seus
sábios, castos, virtuosos e zelosos sacerdotes, por sua preciosa
contribuição em favor do Reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo, e em
favor da verdade. Como esquecer as visitas episcopais, as ordenações, as
confirmações, o bem que fazia, ver ainda existindo, figuras admiráveis
de verdadeiros Bispos católicos, os Seminários, os preciosos e sólidos
livros e revistas e particularmente para nós, os menores, a obtenção
fácil de intenções de missas que os generosos fiéis encomendavam, enfim,
todo o imenso bem que a obra do grande Arcebispo espalhava, impossível
de ser exaustivamente aqui catalogada nem esquecida.
Mons. Williamson, que evidentemente quer se salvar, não vai poder
ficar omisso perante o sinal que lhe deu o Senhor da Fé com sua
expulsão.
E eu espero ardentemente que todos aqueles que não dobraram os
joelhos diante de Baal, adiram firmemente a ele, pois é um BISPO. Pode
haver Igreja sem BISPO? Tempos duros estes nossos, mas em que o Bom Deus
suscita um Bispo para conservar a Igreja. E quando, algumas dezenas de
anos depois, sua obra de desmorona, o Bom Deus tem por bem, em sua
admirável Providência, suscitar outro para o incansável trabalho de
recomeçar, do mesmo modo como faz o indivíduo lutando contra suas
próprias misérias. Nunca desanimar. Recomeçar, recomeçar, recomeçar.
Que o Imaculado Coração receba de nós, cada vez mais vezes os 15
mistérios do Santo Rosário, para nos conduzir com segurança ao Coração
de Seu Filho.
Declaro diante de Deus, que há de me julgar, que esta pública
profissão de fé, de resistência católica e repúdio à Revolução é aqui
feita em meu nome e de cada um dos membros da Familia Beatae Mariae
Virginis, nossa pequena comunidade.
Do mosteiro de Nossa Senhora da Fé e Rosário, Candeias, Brasil, aos
14 de novembro de 2012, memória do Martírio de São Serapião, religioso
mercedário, glorioso mártir inglês da Fé Católica.
Padre Jahir Britto de Souza e Irmãos.